O maior elemento de perigo ao conduzir uma moto ( ou um carro) reside no próprio condutor, cuja atitude é fundamental para a sua própria segurança.
As 5 regras que enunciamos a seguir, constituem, na nossa opinião, uma boa base para se conduzir em segurança e para usufruir do prazer e virtudes de rolar numa moto sem problemas, sendo as duas primeiras as verdadeiramente essenciais na atitude do condutor de uma moto ( ou de um carro).
1. Conduza sempre à defesa.
2. Nunca presuma. Tenha a certeza.
3. Nunca arrisque.
4. Seja visível.
5. Não confie na sinalização dos outros veículos.
Breves notas e explicações sobre estas regras.
CONDUZA SEMPRE À DEFESA.
Na realidade, a regra que temos transmitido a amigos e clientes é enunciada do seguinte modo:
“Conduza à defesa. O ataque está pela hora da morte”.
A agressividade, a identificação do comportamento ao volante de uma moto com a sua própria virilidade, são umas das principais fontes potenciais de perigo, levando o condutor a exceder os seus limites, a arriscar. No fundo, a conduzir “ao ataque”.
Conduzir “ à defesa” traduz-se numa atitude mental que induz permanente cautela, precaução e cuidado em todas as acções e decisões na condução.
NUNCA PRESUMA. TENHA A CERTEZA.
Muitos acidentes se deram porque o condutor presumiu que outro veículo ia fazer determinada manobra. Muitas vezes com razão, porque o outro veículo tinha o pisca aceso, indicando uma intenção de mudar de direcção que depois não concretizou. Ou porque “parecia mesmo que o carro ia virar à esquerda”.
Outras vezes o condutor presume que o outro veículo vai cumprir as regras da prioridade. E, como não cumpre, sofre um acidente. Em que não é culpado mas isso não serve de grande atenuante. Presumir que os outros nos viram é outro dos erros mais frequentes e tem dado aso a incontáveis acidentes.
A alteração da nossa atitude mental habitual é fácil. A maior parte das vezes, o nosso acto de presumir é automático, baseado nas experiências que o nosso cérebro vai registando. Se já passámos pela experiência de algumas dezenas de carros, com o pisca da esquerda aceso, virarem mesmo à esquerda, o nosso cérebro, quando em “automático”, presume que este que está a ver vai fazer o mesmo. Deixar de conduzir em “automático” implica passar a conduzir com atenção permanente e recusar o automatismo de algumas decisões.
NUNCA ARRISQUE.
A maior parte dos leitores conhece, concerteza, aquela regra que diz “ Se alguma coisa pode correr mal, correrá”. Arriscar, às vezes, é mesmo uma decisão apetecível. Por exemplo, quando vamos atrás de um camião fumegante, numa estrada com traço contínuo e com uma lomba à frente, “apetece” mesmo arriscar e ultrapassar. E inventamos tudo e mais alguma coisa para nos desculpar ( somos rápidos e a ultrapassagem não demora mais do uns segundos, a moto cabe perfeitamente entre as duas vias de circulação, etc). E depois de algumas vezes em que não arriscámos e não vinha nenhum carro em sentido contrário, se, desta vez, resolvemos arriscar é certo e sabido que vem de lá um TIR e um maluco qualquer a ultrapassá-lo.
SEJA VISÍVEL.
A discrição é uma das virtudes que numa moto não é muito aconselhável. Ser visível é mais difícil do que a maior parte dos condutores sabe. Está em curso um estudo para analisar um fenómeno que leva muitos condutores, ou antes, que leva o cérebro de muitos condutores a não processar a informação que lhes é transmitido pelos olhos e a causar inúmeros acidentes.
Ou seja: há condutores que olham para si mas que o não vêem. E que, portanto, adoptam decisões que não o consideram a si e à sua moto ( ou carro). Se seguir as três regras anteriores, não terá problemas com isso. Mas, para ajudar a combater este problema, há que ser visível e chamar a atenção dos outros condutores. A melhor maneira de o fazer é ser distintivo, tendo elementos de identificação visual que “obrigue” os cérebros em automático a inclui-lo no processamento de dados para as decisões que vão tomar.
Quantos de nós não passámos já pela situação seguinte: Vamos numa estrada sem trânsito e vemos do nosso lado direito um carro que chega de uma estrada lateral, parar para entrar na via em que circulamos. Ao vermos o carro parar, assumimos que ele nos vê e que aguarda, como seria natural, que passemos para depois entrar. E, de repente, o nosso carro entra “ à papo seco” ... Muitos destes condutores, quando são interpelados, porque causaram um acidente ou por outra circunstância, reclamam, com um ar espantado “Mas eu não o vi. Parei, olhei e não vi nada... e entrei”
Cores vivas, faróis acesos, aviso de luzes...faça-se ver.
Um nosso conhecido circula de dia com os máximos. Não estamos a aconselhar. Só estamos a relatar que um nosso conhecido o faz. E acha que, desta vez, vale a pena arriscar a pagar a multa em troca da segurança adicional que isso lhe traz.
Um outro cliente belga, a viver em Portugal há muitos anos, compra-nos motos sempre, nas suas palavras, “nas cores mais berrantes que existirem” porque “ ...em Portugal, isso é muito importante”.
NÃO CONFIE NOS PISCAS.
É que não vale mesmo a pena confiar nos piscas do carro que vai à sua frente, dos que vêem em sentido contrário ou dos que estão parados. Não presuma que o condutor desses carros estão mesmo com as intenções que os piscas dos respectivos veículos anunciam. Quando olhar para um pisca aceso lembre-se desta nossa Regra de Ouro. O único significado do pisca aceso é que a lâmpada não está fundida. E mais nenhum.